Formação Colômbia 2017 - Fórum 

Posso ter fugido um pouquinho do tema da discussão, mas como disse a Soninha, o espaço é nosso... Por que os alunos de hoje, não conseguem produzir textos completos, coerentes e ortograficamente corretos, sem a intervenção do professor, mesmo que já saibam ler e escrever? Quem sabe uma formação direcionada para a produção de textos? E um foco maior em sala de aula? Quando digo os alunos, não estou generalizando. A grande maioria, essa é a preocupação.

Realmente Valdecy a questão da produção de texto é uma preocupação muito grande, não basta os alunos concluírem a aquisição do sistema de escrita e não terem clareza de como utilizá-lo na produção de texto. Quando isso acontece, acabam sim chegando no 6º ano com poucas habilidades de produção textual além das dificuldades com a escrita convencional.

(Logo você não fugiu do tema!, Se pensamos na aquisição do sistema de escrita como um processo dentro do letramento, ele só acontece com leitura e produção de textos).

Para pensarmos nisso, podemos começar pelo fato de que a leitura de bons textos com reflexões de como estão escritos, quais palavras foram utilizadas que o embelezam, quais recursos da língua que caracterizam o contexto e definem o gênero, também o que precisa ser considerado na reescrita que não descaracteriza a narrativa. Estas fazem toda diferença na construção do conhecimento sobre o que escrever.

Para aprender a escrever é preciso se colocar na condição de escritor, isso é um fato. Por isso, o trabalho com sequências de produção de texto precisa começar na educação infantil, com o professor como escriba , que discute com os alunos como escrever (textualizar).
Este trabalho precisa continuar nos anos iniciais, dadas as devidas necessidades dos alunos, potencializando as reescritas e produção coletivas de textos narrativos literários, O trabalho de reescrita requer, o professor como escriba e interventor, aquele que discute o contexto a ser registrado, e faz intervenções pontuais sobre as questões ortográficas.
São essas intervenções do professor que irão desenvolver a autonomia nos alunos, para assim, testarem seus conhecimentos e darem conta de melhor produzirem seus textos.
As sequências propostas no material do Ler e Escrever contemplam propostas de ações de produção textual desde o primeiro ano para o desenvolvimento de habilidades, começando com atividades em que os alunos devem pensar primeiro em o que escrever e depois, em como escrever ( primeiro descubra possibilidades textuais e depois refletir sobre erros ortográficos.

Se aprende a escrever, escrevendo! Essa é uma fala muito comum. Na verdade se aprende a escrever escrevendo e pensando sobre o que escrever e como escrever.
É um processo que demanda tempo e muitas tentativas, diversas situações de aprendizagem na verdade, primeiramente com "ajuda" ou seja intervenções e depois experimentando escrever sozinho ( testando os seus conhecimentos) e voltando a ter ajuda com as dificuldades encontradas (intervenção do professor). Escrever pensando sobre o texto em si, em o que escrever e em como se escreve, contando com auxilio e com intervenções nas dificuldades

Ainda no decorrer dos dois encontros seguintes ( 7º e 8º) será trabalhado a questão da reescrita.

Verdade dona Valdeci , os alunos hoje tem uma grande dificuldade em produzir textos com eficiência, acredito que o professor tem um papel fundamental nesse processo para tentar sanar essas dificuldades e as produções coletivas são atividades interessantes , pois o professor se torna modelizador, fazendo com que os alunos compreendam alguns conceitos em relação à construção de textos e reescritas.

A alfabetização e o letramento são processos distintos que podem acontecer simultaneamente ou também em momentos diferentes. A criança pode a partir de estímulos e motivação ter letramento desde seus primeiros anos de vida, chegando ao período de alfabetização com amplo repertório, trazendo para sala de aula um conhecimento prévio que contribuirá e muito na hora de alfabetizar, a criança que adquire todo esse conjunto de informações solidifica habilidades e conteúdos que facilitará as séries seguintes, facilitando seus estudos pois, não terá uma alfabetização funcional conseguirá autonomia atribuir sentido e significado ao que lê .

Ana Claudia sem sombra de dúvida realmente quanto antes o letramento ou o reconhecimento do uso da leitura e escrita for iniciado nas crianças, em melhores condições elas nos chegam nos anos iniciais.
Você lembrou também que existem momentos (atividades) que podem atender especificamente, as dificuldades de aquisição do sistema de escrita de alguns alunos.
A grande questão é transformar esse conhecimento de forma a potencializá-lo na escola, são as ações com essa finalidade é que fazem a diferença na alfabetização no seu mais amplo aspecto, ou seja, um aluno com alfabetização funcional é aquele que concluiu o processo de aquisição do sistema de escrita por meio de situações de letramento e, sabiamente com compreensão e autonomia, aprende a fazer uso deles!

Soninha um dos meus objetivos para início desse ano letivo foi exatamente esse desenvolver nos alunos autonomia para realização das atividades, organização da rotina para se tornarem sujeitos ativos na construção desse processo de ensino e aprendizagem. Estratégias como combinados da sala, determinada situação, a socialização durante a aula sobre atividades de escrita de autoria ou pesquisas que já estão realizando estão fazendo com que eles aprendam a ouvir , fazem relações entre o q fizeram, o que o colega fez e o que foi ensinado. A disposição da sala também é um fator fundamental para esse trabalho, em duplas, trios, em U tinham muita dificuldade em aceitar todos os membros do grupo, querendo sempre ficar com o colega de maior afinidade. A dinâmica da turma faz com que todos cresçam a cada dia. Os alunos que ainda se encontram sem a apropriação do sistema de escrita e leitura, se interagem em busca de meios para realizar as atividades com o apoio dos colegas e as intervenções realizadas pela professora.

Legal essas considerações que você fez Ana porque descrevem o quanto os procedimentos utilizados pelo professor são determinantes nas ações que oportunizam aos alunos, de visualizarem seus saberes e de como estes se modificam, e "onde " é que eles passam a saber mais e a fazer melhor.
Muito importante também a avaliação que você faz de que é no trabalho coletivo, pré idealizado que os alunos estão aprendendo e descobrindo novas habilidades, de ouvir por exemplo.

Alfabetização é um processo em construção, portanto a aproximação do aluno-professor facilita a aprendizagem, ou seja, é importante que o professor esteja em constante estímulo para com seu aluno porque assim o conduzirá à evolução do conhecimento e aprendizagem.

Que legal Herica tocar nessa questão da importância da reciprocidade entre professor e aluno no trabalho de alfabetização. É isso que induz e alimenta a participação das crianças além de fortalecer o trabalho do professor, contribuindo para que o empenho necessário, não lhe seja demasiadamente desgastante.

O processo de alfabetização implica numa importante revisão dos procedimentos e métodos para o ensino, pois cada criança e cada grupo de crianças necessitam de formas diferenciadas na ação pedagógica. Em se tratando de letramento conforme Soares (2004) “não basta saber ler e escrever é preciso também fazer uso do ler e do escrever para saber responder as exigências de leitura e de escrita que a sociedade faz continuamente”. Se pensarmos nas redações do Enem, os números revelam fragilidades no ensino e na formação de jovens que, cada vez menos, conseguem articular ideias próprias para atenderem aos temas proposto nas redações. Esses resultados revelam que não basta dominar o sistema de escrita, é preciso interpretar simbolicamente o contexto sócio cultural.
Enquanto docentes, devemos pensar em procedimentos que levam as crianças cada vez mais cedo a conviver, experimentar e dominar as práticas de leitura e de escrita que circulam numa sociedade tão centrada na escrita.